sábado, 3 de dezembro de 2016

Clarice Lispector

Clarice Lispector nasceu na Ucrânia, mas seus pais imigraram para o Brasil pouco depois. Chegou a Maceió com dois meses de idade, com seus pais e duas irmãs. Em 1924 a família mudou-se para o Recife, e Clarice passou a frequentar o grupo escolar João Barbalho. Aos oito anos, perdeu a mãe. Três anos depois, transferiu-se com seu pai e suas irmãs para o Rio de Janeiro.
Em 1939 Clarice Lispector ingressou na faculdade de direito, formando-se em 1943. Trabalhou como redatora para a Agência Nacional e como jornalista no jornal "A Noite". Casou-se em 1943 com o diplomata Maury Gurgel Valente, com quem viveria muitos anos fora do Brasil. O casal teve dois filhos, Pedro e Paulo, este último afilhado do escritor Érico Veríssimo.
Seu primeiro romance foi publicado em 1944, "Perto do Coração Selvagem". No ano seguinte a escritora ganhou o Prêmio Graça Aranha, da Academia Brasileira de Letras. Dois anos depois publicou "O Lustre".


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Carta para a Mãe Terra

         Belo Horizonte – 28 de novembro de 2016
  Querida Mãe Terra,
  Somos Mariana Perim e Laura Gandini do Colégio São Paulo, e em 2016 tivemos vários aprendizados. Como inconscientes já jogamos vários lixos em lugares inadequados, e infelizmente te prejudicando. Mas agora que estamos conscientes do que fizemos, nós queremos te pedir desculpas, e incentivar as pessoas a fazerem as coisas certas.
  Não vamos escrever nenhuma meta, porque muitas pessoas leem, mas não cumprem. Nós queremos mostrar que podemos mudar o mundo com ações.
Carinhosamente,

                                       Mariana Perim e Laura Gandini

Carta para o 2 ano

      Belo Horizonte – 21 de novembro de 2016
  Adoramos o projeto CARTAS, principalmente quando acordamos e dormimos palavras para um mundo melhor.
  Mas infelizmente esse projeto está acabando. Mas esperamos que você tenha gostado e continue se empenhando no trabalho, e mostre a outras pessoas como é bom acordar e dormir palavras, como:
Dormir: violência, bullying, e raiva
Acordar: amizade, pureza e esperança
  Esperamos que você repasse esse projeto, melhorando o mundo e a vida de outras pessoas.
  Beijos

                                           Mariana Perim e Iasmyn 

Carta para os pais

Querido papai e querida mamãe,
  Estamos finalizando o projeto “correspondência” com esta cartinha.
  Despertamos sala de aula algumas palavras para compartilhar com todos os funcionários da escola. O resultado foi este: 18 palavras
-Livre
-Irmão
-Pátria
-Trabalho
-Justiça
-Paz
-Esperança
-Respeito
-Verde
-Amarelo
-Azul
-Igualdade
-Expressão
-Eleitor
-Escola
-Justo
-Próximos
-Verdadeiro
  Agora é a vez da nossa família envolver-se. Leia com atenção as palavras “acordadas” por nossa turma e acrescente outras também importantes para nós e para o nosso planeta Terra.
  Aguardo resposta. Sua carta Fará parte do livro coletivo que estamos preparando.
  Com muito carinho e toda minha gratidão.

Sua filha.

Walcyr Carrasco

Walcyr Carrasco (1951) é um escritor brasileiro. Dramaturgo e roteirista que conquistou o sucesso como autor de telenovelas.Walcyr Rodrigues Carrasco (1951) nasceu em Bernardino de Campos, São Paulo, no dia 2 de dezembro de 1951. Começou a carreira profissional como jornalista. Escreveu diversas obras de literatura infanto-juvenil, entre elas, “Quando Meu Irmãozinho Morreu”, “A Menina que Queria Ser Anjo” e “Quem Quer Sonhar”. Como dramaturgo, escreveu peças que fizeram grande sucesso, entre elas, “Batom” (1995) e “Êxtase” (1997), que recebeu o prêmio Shell de melhor autor.

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Júlio Verne

O escritor francês Júlio Verne (Jules Gabriel Verne) é conhecido como o pai da ficção científica. Suas obras mais famosas foram histórias de aventura, nas quais descrevia tecnologias e descobertas científicas muito antes delas se tornarem realidade, como as viagens espaciais (em Viagem ao Redor da Lua, 1869) e o submarino (em vinte Mil Léguas Submarinas, 1870), entre outras.
Filho do advogado Pierre Verne e de Sophie Allotte de la Fuye, Júlio Verne nasceu na cidade portuária de Nantes, em 8 de fevereiro de 1828. Em 1839, aos 11 anos, inicia seus estudos no colégio Saint-Stanislas. Logo inicia seus escritos em prosa.
https://t.dynad.net/pc/?dc=5550001577;ord=1480775183620
Em 1848 passa a viver em Paris, onde cursou Direito, por desejo de seu pai. No ano seguinte, Júlio Verne é introduzido no círculo literário de Paris, por intermédio de seu tio Châteaubourg. Conhece então personalidades como Victor Hugo e Alexandre Dumas (pai). Passa então a dividir seu tempo entre os estudos do Direito e da Literatura. Em 1849 se forma como advogado, mas segue escrevendo para o teatro.

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Maurício de Souza

Mauricio de Sousa (1935) é um cartunista e empresário brasileiro. Criou a "Turma da Mônica", e vários outros personagens de história em quadrinhos. É membro da Academia Paulista de Letras, ocupando a cadeira nº 24. É o mais famoso e premiado autor brasileiro de história em quadrinhos.
Mauricio de Sousa (1935) nasceu em Santa Isabel, São Paulo, no dia 27 de outubro de 1935. Filho do poeta Antônio Mauricio de Souza e da poetisa Petronilha Araújo de Souza. Passou parte de sua infância em Mogi das Cruzes, desenhando e rabiscando nos cadernos escolares. Mais tarde passou a ilustrar pôsteres e cartazes para os comerciantes da região. Aos 19 anos mudou-se para São Paulo, onde trabalhou, durante cinco anos, no jornal Folha da Manhã, escrevendo reportagens policiais e fazendo ilustrações.
Em 1959, quando ainda trabalhava como repórter policial, criou seu primeiro personagem - o cãozinho "Bidu". A partir de uma série de tiras em quadrinhos com "Bidu e Franjinha", publicadas semanalmente na Folha da Manhã, Mauricio de Sousa iniciou sua carreira. Nos anos seguintes criou diversos personagens - "Cebolinha", "Piteco", "Chico Bento", "Penadinho", "Horácio", "Raposão", "Astronauta" etc. Em 1970, lançou a revista da "Mônica", com tiragem de 200 mil exemplares, pela Editora Abril.
Em 1986, Mauricio saiu da Editora Abril e levou seus personagens para a Editora Globo. 


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Giselda Laporta Nicolelis

Giselda Laporta Nicolelis nasceu em São Paulo, SP, em 27 de outubro de 1938, no bairro da Liberdade. Formou-se em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Casper Líbero. Publicou sua primeira história em 1972 e o primeiro livro em 1974. Foi então que descobriu seu verdadeiro caminho: a literatura infantil e juvenil, crianças e adolescentes. Hoje sua obra abrange mais de 100 títulos, entre livros infantis e juvenis, ficção, poesia e ensaio, publicados por dezenas de editoras, com centenas de edições, e milhões de exemplares vendidos. Exerceu também o jornalismo, em publicação dirigida ao público infantil e juvenil, e trabalhou como coordenadora editorial, em duas coleções juvenis.

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Machado de Assis

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Joaquim Maria Machado de Assis nasceu dia 21 de junho de 1839, na cidade do Rio de Janeiro. O garoto pobre, filho de um operário mestiço chamado Francisco José de Assis e de Maria Leopoldina Machado de Assis, marcou a história da literatura brasileira. Ao contrário do que se imagina, a trajetória de Machado de Assis não o conduziu naturalmente para o mundo das letras. Ainda na infância o jovem “Machadinho”, como era carinhosamente chamado, perdeu sua mãe.

Durante sua infância e adolescência foi criado por Maria Inês, sua madrasta. A falta de recursos financeiros o obrigou a dividir seu tempo entre os estudos e o trabalho de vendedor de doces. Ainda sobre condições não muito favoráveis, Machado de Assis demonstrava possuir grande facilidade de aprendizado. Segundo alguns relatos – no tempo em que morou em São Cristóvão – aprendeu a falar francês com a dona de uma padaria da região.

Já aos 16 anos conseguiu publicar sua primeira obra literária na revista “Marmota Fluminense”, onde registrou as linhas do poema “Ela”. No ano seguinte, Machado conseguiu um cargo como tipógrafo na Imprensa Nacional e dividiu seu tempo com a criação de novos textos. Durante sua estadia na Imprensa Nacional, o escritor iniciante teve a oportunidade de conhecer Manuel Antônio de Almeida, diretor da instituição e autor do romance “Memórias de um sargento de milícias”.Joaquim Maria Machado de Assis nasceu dia 21 de junho de 1839, na cidade do Rio de Janeiro. O garoto pobre, filho de um operário mestiço chamado Francisco José de Assis e de Maria Leopoldina Machado de Assis, marcou a história da literatura brasileira. Ao contrário do que se imagina, a trajetória de Machado de Assis não o conduziu naturalmente para o mundo das letras. Ainda na infância o jovem “Machadinho”, como era carinhosamente chamado, perdeu sua mãe.

Durante sua infância e adolescência foi criado por Maria Inês, sua madrasta. A falta de recursos financeiros o obrigou a dividir seu tempo entre os estudos e o trabalho de vendedor de doces. Ainda sobre condições não muito favoráveis, Machado de Assis demonstrava possuir grande facilidade de aprendizado. Segundo alguns relatos – no tempo em que morou em São Cristóvão – aprendeu a falar francês com a dona de uma padaria da região.

Já aos 16 anos conseguiu publicar sua primeira obra literária na revista “Marmota Fluminense”, onde registrou as linhas do poema “Ela”. No ano seguinte, Machado conseguiu um cargo como tipógrafo na Imprensa Nacional e dividiu seu tempo com a criação de novos textos. Durante sua estadia na Imprensa Nacional, o escritor iniciante teve a oportunidade de conhecer Manuel Antônio de Almeida, diretor da instituição e autor do romance “Memórias de um sargento de milícias”.



sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Frei Betto

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Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto, (Belo Horizonte, 25 de agosto de 1944) é um escritor e religioso dominicano brasileiro, filho do jornalista Antônio Carlos Vieira Christo e da escritora e culinarista Maria Stella Libanio Christo, autora do clássico "Fogão de Lenha - 300 anos de cozinha mineira" (Garamond). Professou na Ordem Dominicana, em 10 de fevereiro de 1966, em São Paulo. Adepto da Teologia da Libertação, é militante de movimentos pastorais e sociais, tendo ocupado a função de assessor especial do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva entre 2003 e 2004. Foi coordenador de Mobilização Social do programa Fome Zero. Em 1962, foi escolhido como dirigente nacional da Juventude Estudantil Católica (JEC). Esteve preso por duas vezes sob a ditadura militar: em 1964, por 15 dias; e entre 1969-1973. Após cumprir quatro anos de prisão, teve sua sentença reduzida pelo STF para dois anos. Sua experiência na prisão está relatada nos livros "Cartas da Prisão" (Agir), "Diário de Fernando - nos cárceres da ditadura militar brasileira" (Rocco) e Batismo de Sangue (Rocco). Premiado com o Jabuti de 1983, traduzido na França e na Itália, Batismo de Sangue descreve os bastidores do regime militar, a participação dos frades dominicanos na resistência à ditadura, a morte de Carlos Marighella e as torturas sofridas por Frei Tito. Baseado no livro, o diretor mineiro Helvécio Ratton produziu o filme Batismo de Sangue, lançado em 2007. Após sair da prisão, foi trabalhar até o final da década de 1970, construindo Comunidades Eclesiais de Base CEB's na Arquidiocese de Vitória (Espírito Santo). Na década de 1980 foi para São Paulo para trabalhar como assessor da Pastoral Operária na Região de São Bernardo do Campo. Frei Betto recebeu vários prêmios por sua atuação em prol dos direitos humanos e a favor dos movimentos populares. Assessorou vários governos socialistas, em especial Cuba, nas relações Igreja Católica-Estado.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

 Sei que estou meio atrasada, mas aqui está os meus sonhos do livro: Meninos da Planície
   

Primeiro sonho:
        Gritos e gargalhadas misturavam-se. Um grupo de crianças tomava banho num riacho. De lá enxergava-se o alto paredão de calcário dourado que servia de fundo de proteção à aldeia, meia dúzia de choupanas com teto de folhas de palmeira. Duas colunas de rala fumaça assinalavam fogueiras na entrada de uma gruta que parecia uma meia-lua preta.
        Um dos meninos, mais agitado, era e corria na margem, sem parar. Pulou para mergulhar no rio e, quando se esticou no ar, pôde-se ver uma grande cicatriz que lhe cruzava a coxa direita. Segundos depois, reapareceu de olhos fechados, os cabelos longos, pretos e brilhantes como verniz encobrindo-lhe o rosto, a boca jorrando água como se fosse um chafariz.
        Em pé, com a água na altura do peito, ele começou a bater na superfície do riacho com as mãos abertas, atirando água na direção de uma menina que, sentada numa pedra da margem, mordia uma fruta. Ao receber a ducha, deu um pulo. Era da cor do café ralo, pernas finas e longas, cabelo cheio, comprido e liso, nariz curto, lábios grossos e um pouco salientes: sinal de sorriso fácil. Num dos braços havia uma cicatriz com a forma de um trevo. Usava um colar de sementes vermelhas e pretas e, no braço esquerdo, onde estava a cicatriz, um bracelete adornado com pequenos dentes de macaco. Na cintura prendia-se uma tanga curta, feitas de fibras.
        O menino continuava dando palmadas na superfície do rio, levantando cortinas de água:
- Toma, Nia! 
        Nos braços, adornos semelhantes aos da menina. Só deixou de espalmar a água quando lhe acertou nas costas a fruta que comia, gritando com raiva:
- Para, Aur!
        O menino dobrou o corpo para trás, mergulhando a cabeça na água para arrumar o cabelo. Na testa tinha uma fita vermelha na qual se prendiam dentes esbranquiçados. Destacava-se um, grande e retorcido, de queixada, o avantajado e selvagem porco-do-mato.
        Meu amigo acordou sobressaltado. Em sua mesa de estudos havia uma caixa com sementes furadas, pretas e vermelhas, e fitas de fibras nas quais haviam sido fixados alguns dentes de animais como macacos, porcos-do-mato, veados... Pegou a caixa aonde colocara o esqueleto de menina e começou a examinar o crânio. Ela devia ter o nariz curto e uma espécie de sorriso contínuo, pois os dentes de cima se inclinavam um pouco para a frente. Observou depois, demoradamente, os ossos dos braços, Num deles, o esquerdo, notava-se um calombo: fora quebrado.
        A essa altura, meu amigo avistou no chão um envelope que o carteiro colocara sob a porta. Carta do exterior, enviada por um laboratório especializado em exames coplexos. Traduzo agora algumas linhas da carta. Após relatar as análises que fizeram e escrever sobre problemas de herança, “Os exames do fragmento de osso pertence ao esqueleto AU indicam que o referido esqueleto é do sexo masculino, enquanto o esqueleto NI é sexo feminino. Os testes realizados levam a concluir que os dois eram irmãos”.
        Quando me contou, meu amigo arqueólogo ainda estava assustado. Era quase inacreditável! Em cada osso daqueles dois esqueletos de que tanto gostava colocara letras para identificá-los. E elas coincidiam com as primeiras dos nomes que ouvira no sonho. A partir de então, já tinham nome: Aur e Nia.


Segundo sonho:
        Naquele dia, o trabalho fora cansativo. Meu amigo passara horas escrevendo no computador. Adormeceu na poltrona e teve um sonho muito agitado.
        Os homens abandonaram a aldeia muito cedo para caçar. Ainda havia estrelas. Mas tarde, quando a baixada estava tomada pela névoa, como se estivesse sepultando algodão, as mulheres e as crianças começaram a caminhada. Iam até as grutas de grande planície.
        No acampamento do paredão ficaram quatro velhas e dois velhos. Peixe seco, coquinhos, um pouco de mel e os caracóis que iriam apanhar eram alimentação suficiente até que todos voltassem, dois dias depois.
        Outro grupo caminhou rapidamente, em fileira, durante toda a manhã. Fora os espinhos fincados nos pés de alguns, nada aconteceu. Apressaram o passo quando chegaram a uma esplanada, na frente de um maciço calcário, onde se via a entrada negra de uma gruta, boca enorme sempre aberta.
        Atrás de uma grande pedra, na entrada, sob uma esteira e galhos de árvore, os homens deixaram um veado e um caititu que haviam caçado. Os meninos espantaram alguns urubus que, sentindo o cheiro da morte, tinham pousado na esteira. As mulheres começaram a arrumar o salão de entrada da gruta, onde a claridade era pouca, como a do entardecer. Nia e as mais duas meninas foram apanhar água, levando na cabeça cuias que pareciam metades de uma grande abobora escura.
        Aur recolheu folhas e galhos secos do chão. Depois sentou-se na entrada da gruta e tirou do embornal um pedaço de madeira plana, de dois palmos de comprimento, que apoiou no chão à sua frente. Na superfície da madeira viviam-se pequenas depressões escuras. Entre os galhos que apanhara no chão, o menino escolheu o mais reto e em uma pedra raspou uma de suas pontas até ela ficar igualada. Num dos buracos da madeira, colocou a ponta que raspara e começou a esfregar as mãos girando, sem parar, o galho entre elas. Pouco depois, começou a sair uma tênue fumaça branca do pedaço da madeira, e um anel de brasa apareceu em volta da ponta do galho que girava.
        O menino se ajoelhou, dobrando-se sobre a madeira, e, enquanto soprava, colocou sobre ela folhas secas e gravetos. Continuou soprando, fazendo bico com os lábios, até aparecer uma chama fraca que estalava como papel celofane amassado. Quando o fogo aumentou, retirou o pedaço de madeira, cuspiu nele e, com o dedo, apagou rapidamente a brasa que aparecera no buraco.
        Ao contar o sonho, meu amigo mostrou-me aquele pedaço de madeira com depressões escuras e arredondadas na superfície, cuja utilidade até então lhe era desconhecida. Colocou-o na lupa. No fundo e nas beiradas dos buracos, reconheceu o brilho e a coloração característicos do carvão. Finalmente descobrira a tábua de fazer fogo que, no sonho, vira Aur usando.
        Enquanto meu amigo falava, senti vontade de observar algum objeto na lupa que estava sobre a mesa. Retirei de uma prateleira um fragmento de cerâmica amarelada e comecei a examiná-lo. Fiquei maravilhado, pois as lentes de aumento permitiram-me observar, o barro, impressões digitais, os finos ricos nos dedos de quem trabalhara a argila. Chamei meu amigo para que observasse minha descoberta e comentei, empolgado:
- Já pensou se essas impressões fossem de alguém da aldeia?
- Seria interessante – Mas é impossível. Esse pedaço de cerâmica é de uma outra escavação. Moradores da minha aldeia ainda não conheciam a cerâmica. Só surgiu no Brasil há aproximadamente dois mil anos.
- Vivendo e aprendendo – respondi, sem graça, disfarçando meu desencanto.
        Recoloquei o fragmento na cerâmica eu seu lugar e vi que nele haviam sido escritos, e nanquim, alguns números e duas letras. Todos os objetos do laboratório tinham sido identificados da mesma maneira. Num arquivo, havia milhares de fichas ordenadas e encontrei facilmente a que correspondia ao pedaço de cerâmica. Nele havia anotações como o ano e o local em que a peça foi achada, nível onde fora encontrada, entre outros. O trabalho que estava nesse arquivo era maior que escavar e preparar cada objeto guardado naquele laboratório...
Último sonho:
        Insisti várias com meu amigo para que nos contasse o sonho inteiro. Sempre dizia não e mudava de assunto. Não houve jeito: só narrou o final.
        Na esplanada em frente à gruta, ardia uma grande fogueira que amarelava a noite. Os moradores estavam sentados em círculo. Ninguém falava. O Minhoquinha chorava. Dentro do círculo, perto do fogo, havia duas macas, semelhantes a andores de profissão.
        Com fogo alto, via-se que estavam cobertas por espessa camada de folhas. Aos poucos as chamas diminuíram. Os moradores continuavam em silêncio e imóveis: parecia que do chão haviam brotado estátuas sentadas. Ao desaparecerem as chamas, a escuridão inundou a esplanada. Todos olhavam fixamente a mancha vermelha de brasas que restara da fogueira. Às vezes, com um pequeno estalo, subiam borbulhas avermelhadas que se desfaziam no ar.
        Depois homens levantaram-se e caminharam devagar até as macas, onde apanharam uma braçada de folhas. Dirigiram-se depois até a fogueira e com elas começaram a cobrir as brasas. Várias vezes repetiram a mesma ação, até que não se viu mais nenhuma brasa.elevou-se então uma rala coluna esbranquiçada  de fumaça em direção à Lua, que parecera acima do paredão do acampamento. Não havia vento. Aur, quando olhava para o céu e via as estrelas piscando, pensava que eram vaga-lumes parados lá no alto, e que a Lua espantava os que estavam perto dela.
        Quando a fumaça aumentou, todos se levantaram, esticaram os braços para o ar e começaram a gritar juntos, em triste ladainha:
- Vão!Vão!Vão!...
        Enquanto meu amigo me contava essa passagem de sonho, percebi que sua voz falhava e vi seus olhos brilharem.
        Nas macas já sem folhas, podiam-se ver, como que adormecidas, duas pessoas.
-Vão!Vão!Vão!...
        As palavras repetidas eram como um eco dolorido. E os braços de todos, agitando-se sobre as cabeças, pareciam empurrar o espírito de alguém para o alto, juntamente com a fumaça. Quando ela se tornou rala, os dois homens colocaram lenha sobre as folhas. De novo, as chamas amarelaram a escuridão. Viram-se então, claramente, os dois corpos: eram Aur e Nia. Dormiam? As chamas pintavam sombras tremidas naqueles dois rostos, parecendo às vezes que se mexiam.
        Duas grandes cuias foram colocadas no chão ao lado das macas. O silêncio era tão intenso que permitia ouvir o longínquo coaxar rouco dos sapos lá do rio.           


terça-feira, 21 de junho de 2016



biografia de: Carlos Saldanha


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NOME:Carlos Saldanha

HISTÓRIA:Nasceu em 20 de julho de 1968, no Rio de Janeiro. È casado tem três filhas e um filho,ele fez filmes famosos como A ERA DO GELO 1 2 e 3  RIO 2 é cineastra, produtor ,animador e dublador. E promete lançar mais um grande filme com a ERA DO GELO BIG BANG , que vai estrear nos cinemas dia 7 de julho.Não podemos ficar de fora de mais uma grande aventura né.